A arte nacional é um conceito que aproxima e esclarece épocas, regimes e soluções
estéticas. Valoriza a dimensão ideológica subjacente às formas artísticas, articula o
tempo longo e a conjuntura e promove uma visão interdisciplinar da realidade. A arte
nacional é, em primeiro lugar, uma proclamação, cuja feição estereotípica tende, no
final de Oitocentos, para o essencialismo. É o termo de uma dicotomia que tem como
oponente a arte internacional. Integra-se no conceito mais amplo de «culturas nacionais
» e traduz o desejo de dar um conteúdo ao sentimento de pertença a uma nação.
Em Portugal, nasceu na primeira metade do século XIX, a partir de dois assuntos
(estilo manuelino e «escola portuguesa de pintura») e desenvolveu-se até alcançar a
máxima expressão por volta de 1940, determinando fenómenos tão diversos como o
revivalismo neomanuelino, a pintura de costumes, a «casa portuguesa», a colonização
ideológica do classicismo, a revalorização do estilo pombalino e a atitude antimoderna